O humorista brasileiro Leo Lins foi condenado na última terça-feira (3) a oito anos e três meses de prisão em regime fechado pela 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo. A sentença foi proferida devido a piadas consideradas discriminatórias contra negros, obesos, homossexuais, pessoas com deficiência e outras minorias, apresentadas em seu show de stand-up “Perturbador”, publicado no YouTube em 2022.
Além da pena de prisão, Lins foi condenado a pagar uma multa equivalente a 1.170 salários mínimos da época da publicação das imagens, totalizando aproximadamente R$ 303,6 mil, por danos morais coletivos.
A Justiça fundamentou a decisão na violação da Lei nº 7.716/89, conhecida como Lei de Combate ao Racismo, e do artigo 88 do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015). A sentença destacou que o exercício da liberdade de expressão não é absoluto e deve ocorrer dentro de um campo de tolerância, prevalecendo os princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade jurídica
A defesa de Leo Lins manifestou-se contrária à condenação, classificando-a como um ataque à liberdade de expressão e à criatividade artística. Os advogados anunciaram que irão recorrer da decisão.
O caso gerou debates na sociedade brasileira sobre os limites da liberdade de expressão no humor e a responsabilidade dos artistas em relação ao conteúdo que divulgam.
Quem é Leo Lins?
Leonardo Lins, mais conhecido como Leo Lins, nasceu em 3 de setembro de 1982 no Rio de Janeiro. Começou sua carreira no humor ainda jovem e, já nos anos 2000, ganhou notoriedade com seus shows de stand-up comedy, sendo considerado um dos pioneiros nesse formato no Brasil.
Nas redes sociais, Leo frequentemente é alvo de críticas por suas piadas que abordam temas sensíveis, como doenças, tragédias e situações de vulnerabilidade social. Essas polêmicas já resultaram em processos judiciais contra ele e no cancelamento de algumas apresentações.
Em uma de suas performances, por exemplo, ele fez piada sobre o acidente aéreo de 2016 que matou 71 jogadores de futebol da Chapecoense, comparando a tragédia ao assassinato do ex-jogador do São Paulo, Daniel, em 2018. Ele disse: “Pelo menos, ele morreu comendo uma coisa boa. Não foi como os jogadores da Chapecoense que comeram comida de avião.”
Outra controvérsia aconteceu em 2022, quando publicou um vídeo zombando de crianças com hidrocefalia, uma condição que provoca acúmulo de líquido no cérebro. Essa publicação resultou na demissão do humorista do canal para o qual trabalhava na época.
Sobre o vídeo, ele comentou: “Acho muito legal o Teleton [campanha de solidariedade], porque eles ajudam crianças com vários tipos de problemas. Vi um vídeo de um rapaz do Ceará com hidrocefalia. O lado bom é que o único lugar da cidade onde tem água é a cabeça dele. A família nem mandou tirar, instalou um poço.”
Na ocasião, a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) repudiou o vídeo publicamente. No entanto, Leo Lins defendeu-se dizendo que “fazer piadas não é crime”.
Ainda em 2022, ele foi condenado pela Justiça de São Paulo a pagar uma indenização de R$ 44 mil por ter ofendido a mãe de um jovem autista em suas redes sociais.
Para mais informações sobre o caso, acesse o site oficial da SNC TV News.