O atual prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), foi reeleito neste domingo (27 de outubro), obtendo 53% dos votos válidos no segundo turno contra o deputado estadual Bruno Engler (PL). O resultado evidencia a influência da campanha nas mídias tradicionais e uma base eleitoral consolidada em Belo Horizonte, onde o perfil de eleitorado de centro-direita predominou ao recusar uma campanha de caráter ideológico intensa nos dias finais.
Durante a campanha, Fuad conseguiu manter-se no centro político, demonstrando equilíbrio entre os acenos ao eleitorado de esquerda e o apoio conservador. Embora tenha recebido grande parte dos votos desse espectro, Fuad evitou qualquer alinhamento explícito com o governo federal, buscando atrair também os votos da direita moderada.
Antes do início das eleições, Fuad era relativamente pouco conhecido por parte da população, mas sua campanha utilizou as obras em andamento na cidade como vitrine, fortalecendo sua imagem como gestor experiente e desvinculando-se do ex-prefeito Alexandre Kalil (sem partido). Em contraste, Fuad apresentou Engler como um deputado ausente na Assembleia Legislativa e alinhado a posturas extremas, relembrando posicionamentos do parlamentar contra o lockdown, o uso de máscaras e a favor de tratamentos como a cloroquina para a Covid-19.
Engler, que finalizou o primeiro turno com vantagem de 99 mil votos sobre Fuad, manteve praticamente a mesma votação nesta segunda etapa, atingindo 46% do eleitorado. Com um histórico de rejeição mais elevado, Engler enfrentou dificuldades para ampliar sua base de apoio. No primeiro turno, buscou uma campanha propositiva e apelou aos eleitores de centro, contando com o apoio do governador Romeu Zema (Novo) e, discretamente, do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
No segundo turno, Engler alterou sua estratégia, intensificando a campanha voltada ao eleitorado conservador e destacando um livro escrito por Fuad em sua propaganda. Mesmo após sofrer sanções da Justiça Eleitoral, conseguiu criar uma narrativa que repercutiu na reta final das eleições, embora não o suficiente para superar Fuad.
Engler enfrentou questionamentos sobre sua atuação na Assembleia Legislativa e sobre como conciliaria suas convicções pessoais com políticas públicas, especialmente na área de saúde. A vitória de Fuad encerra uma disputa bastante acirrada pela Prefeitura de Belo Horizonte, reforçando a preferência do eleitorado da capital por um perfil de candidato com maior experiência de gestão e sem alinhamento extremo.