O governo português apresentou uma nova política migratória que representa uma mudança significativa na forma como o país gere os pedidos de entrada para fins laborais. A principal novidade, anunciada na última sexta-feira (14), é que os vistos de procura de trabalho que permitem a permanência em Portugal por até 180 dias para quem busca emprego passam a ser concedidos apenas a candidatos com qualificações profissionais e acadêmicas elevadas.
📅 Cronologia das mudanças
2022: criação do visto de procura de trabalho como alternativa à “manifestação de interesse”.
Junho de 2024: fim oficial da “manifestação de interesse”, mecanismo que permitia a regularização de imigrantes já em solo português sem contrato formal.
14 de junho de 2025: anúncio do novo regulamento, que redefine critérios de entrada e renovação para imigrantes.
🧾 O que muda na prática
O novo regulamento, a ser publicado ainda neste mês, inclui:
Exigência de formação superior ou técnica especializada para quem solicita o visto de procura de trabalho.
Avaliação obrigatória do domínio da língua portuguesa em processos de renovação de autorização de residência e no reagrupamento familiar.
Incentivo à atração de emigrantes portugueses qualificados e seus descendentes, com mecanismos facilitados.
A nova orientação visa estancar a chegada de trabalhadores de baixa qualificação, que representaram, segundo o próprio governo, a maioria dos pedidos entre 2022 e 2023.
📈 Situação atual e justificativas
Dados oficiais mostram que, entre 2017 e 2024, o número de residentes estrangeiros em Portugal quadruplicou, saltando de cerca de 421 mil para 1,6 milhão. Parte desse crescimento ocorreu através do canal da manifestação de interesse, que gerou um acúmulo de cerca de 460 mil processos pendentes na AIMA (Agência para a Integração, Migrações e Asilo), criada para substituir o antigo SEF.
O governo defende que a triagem mais rigorosa é necessária para equilibrar o sistema migratório, canalizando os fluxos para setores que enfrentam falta de mão de obra qualificada, como tecnologia, engenharia, saúde, e educação técnica especializada.
📉 Fim da porta de entrada facilitada
A chamada “manifestação de interesse”, que por anos funcionou como porta de entrada informal para imigrantes sem vínculos laborais, foi criticada por criar um sistema moroso e sobrecarregado. Com seu encerramento, Portugal busca se alinhar a padrões europeus mais restritivos, promovendo entrada regulada desde a origem e com objetivos profissionais bem definidos.
👥 Críticas e desafios
Apesar do argumento oficial de ordenamento, organizações de apoio a imigrantes têm manifestado preocupação com os efeitos sociais da nova política, especialmente no que diz respeito à exclusão de trabalhadores essenciais em setores como agricultura, construção civil e serviços.
Além disso, exigências como prova de fluência em português para renovar o título de residência podem representar uma barreira para famílias em fase de adaptação.
📝 Conclusão
Portugal dá um passo firme rumo a uma política migratória seletiva, privilegiando talentos e formação. Com mais exigências, o país espera controlar o fluxo, desafogar a burocracia e atrair perfis estratégicos. Resta saber como o novo modelo irá impactar a economia real e a integração social dos que já estão em território nacional.
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