Entre as 3474 pessoas que morreram em Portugal tendo a diabetes como causa principal do óbito, 365 tinham menos de 70 anos. Ou seja, mais de dez por cento (10,5%) foram mortes consideradas prematuras no quadro da doença. A diabetes foi responsável por 2 770 anos potenciais de vida perdidos abaixo dessa fasquia dos 70 anos, com uma média de 7,6 anos de vida perdidos por cada óbito ocorrido abaixo dessa idade.
Os dados constam de um relatório do Programa Nacional para a Diabetes (PND) que a Direção-Geral da Saúde (DGS) divulga esta manhã no evento PND: Desafios e Estratégias 2023. O relatório mostra que Portugal mantém uma taxa de prevalência de diabetes elevada, mantendo-se também o crescimento no número de casos registados de diabetes nos Cuidados de Saúde Primários (CSP), tendo aumentado ainda a proporção de utentes com diabetes tipo 2 em vigilância médica e de enfermagem.
Em 2022, havia o registo de 883 074 pessoas com diabetes, correspondendo a 8,4% dos utentes inscritos, ao nível dos CSP, em Portugal Continental, verificando-se assim um número crescente de pessoas identificadas com diabetes, quer em número absoluto, quer em termos percentuais. Desde 2018, primeiro ano citado no relatório, que o número tem crescido gradualmente, ano a ano. Mas 2022 foi mesmo o ano, dos últimos cinco, que registou um maior aumento de novos diabéticos, com 78 068 novos casos inscritos nos CSP em Portugal Continental: mais 7,4 novos casos por cada 1000 utentes inscritos.
Geograficamente, segundo o relatório do Programa Nacional para a Diabetes, a maior incidência de novos casos registou-se na Administração Regional de Saúde do Alentejo (8,3 novos casos por cada 1000 utentes), seguida da ARS Norte (8,1), enquanto a ARS que registou menor incidência de novos casos de diabetes na população foi a de Lisboa e Vale do Tejo (6,6). A nível absoluto, é na ARS Norte que estão inscritos mais doentes com diabetes tipo 2, com mais de 340 mil em 2022.
Mortes prematuras afetam mais os homens
Apesar de ter sido a causa principal 2,8% do total de mortes ocorridas em Portugal em 2021, a taxa de mortalidade atribuída à diabetes tem vindo gradualmente a diminuir desde 2017, sendo o valor mais baixo dos últimos anos – menos um ponto percentual em relação ao total de óbitos do que o que se registava em 2017, quando a diabetes foi causa principal de 3,8% de todas as mortes ocorridas no país.
Verificou-se também uma redução na taxa de mortalidade prematura (<70 anos), em ambos os sexos, ainda assim, a diabetes foi ainda responsável por 2 770 anos potenciais de vida perdidos abaixo dos 70 anos. Neste particular, realça o relatório, embora o número de óbitos totais seja mais elevado nas mulheres do que nos homens, a taxa de mortalidade prematura por diabetes é bastante mais elevada nos homens (15,3% contra apenas 6,8% no sexo feminino).
O que tem disparado notoriamente são os encargos do Serviço Nacional de Saúde para o tratamento de doentes com a diabetes como diagnóstico principal – entre 2017 e 2021 aumentou 45%, de 367 milhões de euros para 532,2 milhões. Um aumento que o relatório atribui “sobretudo ao aumento do número de pessoas com diabetes diagnosticada e tratada, bem como à utilização de fármacos mais recentes”. Adicionalmente, os custos dos internamentos em que a diabetes foi apenas um diagnóstico associado (e não principal) ascenderam a 478 milhões.
O relatório assinala ainda que, em 2021, 15% das admissões e 20% dos internamentos nos hospitais do SNS corresponderam a utentes com diabetes.
Da Redação Na Rua News