O Tribunal de Santarém iniciou nesta terça-feira(24) o julgamento do caso da morte da cantora Sara Carreira, estando acusados de homicídio por negligência três dos quatro réus, entre os quais o cantor Ivo Lucas e a fadista Cristina Branco.
Após a abertura da instrução, em março, o juiz de instrução criminal do Tribunal de Santarém decidiu levar a julgamento os quatro envolvidos no acidente que, no fim da tarde de 05 de dezembro de 2020, na Autoestrada 1 (A1), próximo a Santarém, vitimou Sara Carreira, que seguia no carro conduzido pelo namorado dela Ivo Lucas.
A decisão instrutória manteve a acusação da prática de um crime de homicídio por negligência, passível de pena de prisão até três anos, contra a fadista Cristina Branco, e agravou a acusação imputada a Ivo Lucas para homicídio negligente na forma grosseira, passível de pena de prisão até cinco anos.
O mesmo crime foi imputado a Paulo Neves, que conduzia a uma velocidade abaixo do permitido por lei em autoestrada (entre 28 e 32 quilómetros/hora), sem qualquer sinalização de perigo, e apresentando uma taxa de alcoolemia de 1,18 g/l quatro horas depois do acidente, conduta que aumentou o risco de colisão e contribuiu para a cadeia de acidentes que se sucederam.
Segundo o tribunal, a conduta daquele condutor e de Cristina Branco, ao não conseguir evitar o embate, foi causa direta para o embate que se seguiu, da viatura conduzida por Ivo Lucas, que, por sua vez, demonstrou, igualmente, uma condução descuidada, ao circular acima do limite máximo permitido e na faixa central da autoestrada.
O quarto arguido, Tiago Pacheco, vai a tribunal acusado de condução perigosa de veículo.
Em 05 de dezembro de 2020, já “noite escura” e com períodos de chuva fraca, o carro de Cristina Branco bateu, cerca das 18:30, no veículo de Paulo Neves, que circulava na faixa da direita a entre 28,04 e 32,28 quilómetros/hora, velocidade inferior à mínima permitida por lei (50 Km/h), e depois de ter ingerido bebidas alcoólicas.
O automóvel de Cristina Branco bateu, em seguida, na guarda lateral direita, rodando e imobilizando-se na faixa central da A1.
Cerca das 18:49, Ivo Lucas circulava pela faixa central a entre 131,18 e 139,01 Km/h, velocidade superior à máxima permitida por lei (120 Km/h), não tendo conseguido desviar-se do carro da fadista, no qual bateu com o lado esquerdo, seguindo desgovernado para o separador central e capotando por várias vezes até parar na faixa da esquerda, quase na perpendicular, com parte a ocupar a faixa central.
Pelas 18:51, Tiago Pacheco seguia pela via central a entre 146,35 e 155,08 Km/h, não conseguindo desviar-se da viatura de Ivo Lucas (que ocupava parcialmente aquela faixa).
No final da audiência, o pai de Sara Carreira, Tony Carreira, disse aos jornalistas “estar desiludido” com os testemunhos ouvidos na primeira sessão em que Ivo Lucas e Cristina Branco afirmaram não se lembrar de alguns acontecimentos do dia do acidente.
“Tenho muita compaixão para dar e vender, mas não por mentira”, afirmou, rematando que “a amnésia está na moda nos tribunais”.
Da Redação Na Rua News