A paranaense Geovana Pontes, de 19 anos, afirmou nesta quinta-feira(22) que foi dopada e forçada ter relações sexuais com quatro homens durante uma festa realizada por influenciadores do interior de São Paulo. A jovem contou em entrevista ao Na Rua News que, após beber, se sentiu estranha e perdeu a consciência. Neste momento, ela teria sofrido abusos por alguns dos presentes no local.
— Comecei a ficar num estado fora do normal. Eu não aguentava mais meu corpo, não tinha reação. Não conseguia ter forças, reação, nada. Tinham sete ou oito e começaram a me gravar na piscina, tirando o meu biquíni — contou. — Fui abusada por quatro homens — acrescentou a jovem.
— Acredito que colocaram algo na bebida para eu ficar diferente. Tem coisas que não lembro de nada. Todos beberam e só eu fiquei assim — relatou ao Na Rua News.
Ameaças
Geovana participou da festa com os outros influenciadores no dia 26 de janeiro. De acordo com ela, uma denúncia já havia sido feita à Polícia Civil contra os jovens, pelo crime de agressão. Mas, agora, ela os acusa de abuso sexual. Geovana alega que estava com medo de fazer a denúncia por estupro, pois afirma ter recebido ameaçadas dos influenciadores que estavam na festa. A intimidação teria acontecido logo após publicar em suas redes sociais fotos das agressões sofridas.
— Começaram a me ameaçar, se eu postasse mais aconteceria algo comigo — disse Geovana, que também é influenciadora.
A jovem soma 247 mil seguidores no Instagram e conta que ela e uma amiga foram convidadas para o evento justamente por trabalharem como criadoras de conteúdo nas redes sociais. As duas viajaram do Paraná para São Paulo, custeadas pelo rapaz que fez o convite, para passarem o fim de semana no local da confraternização, ocorrida no dia 25 de janeiro, em um imóvel alugado pelos influenciadores. Ao todo, eram oito homens, entre eles, menores de idade e as duas, Geovana e sua amiga.
Quando chegaram ao imóvel alugado em um condomínio de luxo da região, Geovana foi beber com os outros influenciadores enquanto sua amiga foi dormir. Ela relatou que bebe normalmente, mas dessa vez se sentiu estranha.
Ela disse se lembrar de ter sido abusada por quatro jovens, mas não tem certeza quanto aos demais presentes na festa, pois perdeu a consciência. O Na Rua News tentou contato com os quatro denunciados pela influenciadora, mas ainda não obteve retorno.
O advogado de Geovana, Igor josé Ogar, ressalta que a falta de resistência por parte da jovem não indica consentimento neste caso, pois, ela não estaria em suas plenas condições e isso seria um crime “agravante por estupro de vulnerável”.
A amiga, que viajou com Geovana, saiu do quarto que estava descansando e tirou a vítima da piscina. Em seguida, começou a chorar.
No dia 29 de janeiro, Geovana postou uma sequência de fotos em que aparece ferida e ensanguentada, com um corte na boca, e também na porta da delegacia, onde, em um primeiro momento, ela relatou apenas os crimes de injúria, ameaça e lesão corporal, omitindo, por vergonha, o estupro. “Justiça”, escreveu a jovem na mensagem, ao lado de emojis de choro.
A Polícia Civil de Igaratá, no interior de São Paulo, investiga a denúncia da influenciadora. A suspeita é de que os influenciadores cometeram os crimes de estupro, agressão e cárcere privado.
Nesta quarta-feira, três semanas após o evento, a Polícia Civil de São Paulo informou apenas que o caso “está sob investigação pela Delegacia de Igaratá”. “Requisições policiais foram emitidas, e devido a uma nova denúncia de abuso sexual, foi solicitado outro exame ao Instituto Médico Legal (IML)”, complementa a nota enviada pelo órgão.

“Os envolvidos estão sendo identificados pela equipe para serem qualificados e intimados. Da mesma forma, as vítimas serão ouvidas para contribuir no esclarecimento dos fatos. As investigações continuam em andamento sob sigilo”, conclui o texto.
Nesta terça-feira, nos stories do Instagram, a influenciadora fez um desabafo sobre a demora para que a investigação avance e questionou comentários dos quais vem sendo alvo. “Tem gente que acha que sou eu que faço a Justiça. Minha parte estou fazendo, mas a Justiça não é do dia pra noite, infelizmente”, comentou.
“Vocês querem que eu faça o quê? Bata no juiz, na polícia, para resolver meu caso? Não é bem assim, tudo é um processo”, prosseguiu Geovane, citando ainda que um perito “entrou no caso” para “pegar as câmeras e vir com as provas” e que um advogado “está resolvendo” as questões relativas ao episódio.
O advogado da jovem, Professor Igor José Ogar, relatou que em princípio 3 foram processados por abuso sexual e que estaria levando a sua cliente para o exame de corpo de delito para a acusação de abuso sexual. Igor José ainda contou que a polícia dificultou o atendimento à Geovana — A policia não fez diligências suficientes a fim de sequer apreender o equipamento de gravação utilizado pelos denunciados — criticou o advogado.
— O 17º Distrito Policial de Ipiranga não queria registrar o bo (boletim de ocorrência) da agressão sexual e eu tive que dizer que iriamos ate a corregedoria fazer esse termo. É um absurdo uma delegacia não querer receber um crime de uma natureza tão grave. Ela ficou seis horas lá — afirmou Igor José Ogar.
Da Redação na Rua News