A dona de uma clínica de estética, acusada de gravar e fotografar as clientes nuas, alega ter sido vítima de um golpe. Na última segunda-feira (11), as imagens foram divulgadas na internet, nos perfis de Valdineide da Silva Silveira, de 31 anos, sem a permissão das vítimas.
A mulher é investigada pela Polícia Civil do Ceará por crime contra a dignidade sexual das vítimas. Em entrevista ao Uol, publicada nessa quinta (14), Valdineide alega que é inocente. Segundo a suspeita, ela teria sido vítima de um golpe e que era ameaçada por um homem que conheceu na internet.
Suspeita alega que foi vítima de golpe
Valdineide disse que estava vivendo um relacionamento amoroso pela internet, há seis meses, com um homem que dizia ser um empresário de São Paulo. Os dois teriam combinado de se encontrar pessoalmente para se conhecer. Na ocasião, a mulher afirma que foi sequestrada, extorquida e teve dois celulares roubados.
“Eles me liberaram, mas era só o começo das coisas horríveis que eles me obrigaram a fazer. Fui obrigada a me prostituir e enviar vídeos nua. A todo momento, eles diziam que iam me matar, matar meus filhos. Minha família corria risco, tive medo de denunciar”, disse.
Após o sequestro, a mulher disse que foi obrigada a fotografar as cliente. “Chegou um momento em que eles não se satisfaziam mais somente com as minhas imagens, aí eles me obrigaram a mandar imagens das clientes, também. Eles diziam que todas as pessoas ao meu redor corriam perigo”, afirmou.
Sobre como as imagens teriam ido parar no perfil da clínica, Valdineide alega que entregou todas as senhas para o namorado. “Estava apaixonada e fiquei cega. No inicio, ele disse que poderia me ajudar a impulsionar as minhas contas profissionais nas redes sociais. Eu entreguei todas as senhas e por alguns meses ele me ajudou muito”, contou.
Mudança de versão
No entanto, a versão apresentada pela suspeita contradiz o boletim de ocorrência que ela mesma fez para denunciar o golpe. De acordo com o documento, após o sequestro, os criminosos instalaram aplicativos que permitiam controlar o celular dela. Na versão apresentada à polícia, Valdineide disse que as filmagens das clientes eram feitas sem que ela soubesse.
Em entrevista à imprensa , o advogado Rodrigo Colares, que representa as vítimas, questiona a mudança.
“O fato de ela ter mudado o depoimento dela só mostra que existe bastante incongruência nas palavras que estão sendo ditas até o momento. O que se tem de concreto, até então, são as fotos e vídeos que foram feitos de forma completamente irresponsável, infelizmente expondo todas as vítimas a uma situação vexatória, humilhante”, afirmou.
De acordo com Colares, pelo menos quatro mulheres tiveram as fotos expostas na internet. “Foram várias vítimas. Eu represento quatro delas. Entretanto, parece que existem bem mais. Aos poucos as vítimas estão surgindo”, explica.
Defesa das vítimas questiona alegações
O advogado das vítimas diz que mesmo que Valdineide tivesse sido ameaçada, nada justifica o comportamento da suspeita.
“Quem tem boca fala o que quer. Ela vai fazer a defesa dela e todas as provas serão mostradas na delegacia e ao poder judiciário, que vai decidir. Entretanto, eu ressalto que é completamente inadmissível a atitude tomada pela proprietária da clínica em fotografar as suas clientes em um momento vulnerável”, ressalta.
Colares ainda completa: “O que é que ela fazia com essas fotos? Ela procurou a polícia anteriormente já que teria sido ameaçada? Porque que ela deu várias versões para as próprias vítimas depois que elas depois que elas descobriram. Ela vai ter que explicar”.
Suspeita é investigada
A Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) informou que investiga uma “denúncia de um crime contra a dignidade sexual, que teria sido praticado em ambiente virtual”.
Segundo o órgão, a Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza (DDM) realiza as diligências e oitivas do caso. O advogado das vítimas afirma que elas ainda não prestaram depoimento, mas que irão em breve.
Em nota, a PCCE também ressaltou que a investigada registrou um boletim de ocorrência no qual afirma que queria tido o perfil nas redes sociais invadido. A polícia segue apurando o caso.
‘Nunca imaginei que ela faria isso’
Em um vídeo publicado nas redes sociais, Beth Campêlo, uma das vítimas, disse que era cliente da clínica há quatro anos e não imaginava o que poderia acontecer.
“Era o meu momento de relaxar. Nunca imaginei que a Val [dona da clínica] faria isso, nunca mesmo, nunca imaginei. Teve um momento que eu meio que notei [que era filmada], e aí ela já justificou: ‘amiga, eu bati só uma foto para acompanhar teu resultado’. E eu falei ‘de boa’, porque nunca imaginei”, contou.
Da Redação Na Rua News