Cidadãos vindos de fora dos 27 países da União Europeia enfrentam longas esperas nos aeroportos portugueses, especialmente em Lisboa. As filas na imigração chegam a até quatro horas, devido à implantação dos novos sistemas de controle de fronteiras que começaram a vigorar na segunda-feira (19/05), embora já estivessem em fase de testes, causando transtornos desde então, inclusive no setor de embarque.
O empresário argentino Luis Esnal, 50 anos, relatou à SNC TV News que a situação está tão crítica que várias pessoas têm passado mal nas filas, chegando a desmaiar, e o serviço médico do aeroporto precisou ser acionado. “Vi vários passageiros sentando-se no chão, deitando nos cantos da área de imigração ou mesmo desmaiando por dificuldades de se manterem de pé por tanto tempo”, contou.
Luis desembarcou em Lisboa na terça-feira (20/05) às 6h45, vindo do Brasil. Entrou na fila da imigração às 7h30, sendo atendido somente às 11h30. “Já tinha enfrentado problemas no atendimento da imigração no aeroporto de Lisboa, em momentos de greves de funcionários, mas nada se compara ao que vi agora.

Havia mais de 800 pessoas, de todas as partes do mundo, atônitas, sem saber o que estava acontecendo”, afirmou, lembrando que o período de pico do turismo em Portugal está começando com a chegada do verão.
A SNC TV News buscou contato com a empresa responsável pelo aeroporto, ANA, controlada pelo grupo francês Vinci, e com a Polícia de Segurança Pública (PSP), responsável pelo controle da imigração, mas não obteve respostas. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações.
Controle mais rígido nas fronteiras
Desde segunda-feira, Portugal passou a integrar os sistemas de informação da União Europeia, que permitem controlar a entrada e saída de pessoas provenientes de países terceiros nas 27 nações do bloco. A Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) divulgou que o rigor na análise dos documentos de quem não possui passaporte europeu aumentou, incluindo checagem de antecedentes criminais.
A AIMA alertou para possíveis atrasos nos aeroportos portugueses em decorrência das novas regras, mas ressaltou que o esforço é necessário para garantir maior segurança em território europeu. Segundo a agência, os sistemas “trazem uma gestão mais automatizada, rigorosa e eficiente da entrada e saída de cidadãos nacionais e estrangeiros no espaço Schengen, com impacto direto no controle de vistos, registo biométrico e histórico de movimentos de cidadãos de países terceiros”.
Pedro Moura, coordenador-geral da Unidade de Coordenação de Fronteiras e Estrangeiros (UCFE), do Sistema de Segurança Interna (SSI), afirmou que os novos mecanismos são “fundamentais para garantir que Portugal está preparado para operar com sistemas europeus de última geração nas suas fronteiras, com os mais elevados padrões de segurança e serviço ao cidadão”.
Falhas no atendimento aos migrantes
Luis Esnal acredita que o caos em Lisboa reflete a falta de preparo dos serviços públicos portugueses para atender as demandas da população. Ele reside na cidade há três anos e meio com a esposa e dois filhos, de 4 e 6 anos. “Eu já tenho residência, mas a minha mulher e os meus dois filhos ainda estão sem a autorização de residência em Portugal”, contou.
Apesar de ter comprado um apartamento de 700 mil euros na região de Alcântara, Luis relata que apenas o filho mais novo foi convocado pela AIMA para a coleta de dados biométricos, mas precisou se deslocar até o posto da agência no Porto, embora more em Lisboa. “No caso da minha mulher e da minha filha, nem isso aconteceu”, reclamou.