A Justiça marcou para a manhã de quarta-feira (13) a audiência de conciliação sobre a fazenda em Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo Horizonte, que foi invadida por mais de 500 membros do Movimento Sem Terra (MST) na madrugada de sexta-feira (8). Os herdeiros da fazenda Aroeiras também foram intimados para a audiência, assim como representantes de vários órgãos públicos.
A decisão é assinada pela desembargadora Ângela de Lourdes Rodrigues, coordenadora do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) Social. No documento, a magistrada intima, além dos herdeiros da fazenda e os representantes do MST, órgãos como a Defensoria Pública, o Ministério Público, o Estado de Minas Gerais e a Prefeitura de Lagoa Santa.
A audiência está marcada para 9h30 e vai ser realizada na sede do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), que fica na avenida Afonso Pena, na altura do bairro Serra. Os intimados tem até o fim da tarde de terça (12) para indicarem quem serão os representantes enviados à reunião.
Ocupação em fazenda na Grande BH
Na madrugada de sexta-feira (8), cerca de 500 famílias do Movimento Sem Terra (MST) ocuparam a fazenda que fica em Lagoa Santa. A Justiça negou a liminar solicitando a reintegração de posse da Fazenda Aroeiras, em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A decisão foi expedida neste sábado (9), um dia após um grupo de mulheres do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) iniciar uma ocupação no local.
O governador Romeu Zema citou as dificuldades enfrentadas pelos produtores rurais e afirmou, de forma irônica, que os produtores terão que filmar suas atividades a partir de agora para comprovar suas atividades.
“Ser produtor rural no Brasil não é fácil. Eu queria citar o caso do produtor de leite, cujo valor tem caído nos últimos meses de maneira constante e estamos assistindo uma importação crescente. Além dessa dificuldade, que praticamente inviabiliza o seu negócio, agora estamos tendo uma preocupação extra: invasão de propriedade privada produtiva aqui em Minas. O produtor de leite, além de todo esse problema do preço, agora precisa provar e filmar que ele está produzindo. Caso contrário, a Justiça leva mais em consideração a opinião dos invasores. Realmente não está fácil. Então, quero pedir a todo produtor rural que filme o que você faz, você arando a terra, você tirando o leite na sua propriedade”, afirmou Zema.
“Nós estamos com o menor índice de desemprego aqui em Minas Gerais dos últimos 10 ou 15 anos, ou seja, quem quer trabalhar tem lugar para trabalhar. Agora, quem gosta de invadir terra, a história é outra, para ele não tem trabalho bom, a não ser estar onde já tem alguma outra pessoa trabalhando, perturbando quem alimenta o mundo e quem faz um belo trabalho”, disse o governador.
Resposta do MST
Em nota divulgada na noite deste domingo (10), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST/MG) acusou Zema de ‘atacar as famílias sem terra e mentir para a população’. O movimento lembra que o judiciário indeferiu a reintegração de posse da fazenda, ‘que está abandonada há quase uma década. O MST afirma que não ocupa terras produtivas’.
O movimento critica a fala do governador. “O governador ignora que não é necessário registro de vídeo e foto quando existem instrumentos para comprovar a produtividade de um terreno, o que não é o caso. Nenhum desses instrumentos foi juntado pelos autores do pedido de reintegração, pois não existem. A decisão do judiciário afirma que os supostos herdeiros não conseguiram comprovar a produtividade da fazenda”, aponta o MST.
Da Redação Na Rua News