A globalização existe há muito tempo, com raízes no século XIX. Naquele período, a Revolução Industrial, os novos meios de transporte e as finanças internacionais criaram um mercado verdadeiramente global, mas também geraram desequilíbrios, pois o imperialismo europeu explorava várias regiões. Depois da Primeira Guerra, muitos países voltaram a fechar suas fronteiras com leis protecionistas.
Após a Segunda Guerra, o mundo se dividiu em três blocos: o Ocidente capitalista, o bloco comunista e as nações em processo de independência. Nos anos 1980, chegou o neoliberalismo, com livre circulação de capital e o poder crescente das multinacionais. Parecia que não haveria mais barreiras comerciais, até que a crise de 2008 e, em 2016, a presidência de Donald Trump mudaram tudo. Trump impôs tarifas altas sobre produtos chineses, o que diminuiu um pouco o déficit dos EUA, mas aumentou preços internos e prejudicou exportadores americanos, como fazendeiros de soja e suínos.
Enquanto isso, a China redirecionou suas exportações para outras regiões. Entre 2010 e 2020, suas vendas à América Latina cresceram 86%, principalmente de produtos de média e alta tecnologia. Em troca, países como Brasil e Chile exportaram mais minério e produtos agrícolas para a China, e receberam investimentos em infraestrutura.
No segundo mandato de Trump, as tarifas subiram ainda mais sobre itens vindos de 185 países, enfraquecendo o papel da Organização Mundial do Comércio. Curiosamente, os EUA, que ajudaram a criar as regras do comércio global em 1945, hoje as contestam.
Para a América Latina, esse cenário traz riscos: forte dependência de exportar commodities e pouca coordenação entre governos. O grande desafio é investir em tecnologia e indústria para entrar de forma competitiva nas cadeias globais de valor. Com isso, a região pode evitar ficar à margem das disputas entre EUA e China e definir seu próprio caminho.
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