Uma operação da Polícia Federal (PF), com a Auditoria Fiscal do Trabalho (AFT), resgatou 59 trabalhadores em condições análogas à escravidão em propriedades rurais localizadas nas cidades de Ibiá e Rio Paranaíba, na região do Alto Paranaíba, em Minas.
Os resgatados atuavam como colhedores de alho e parte deles também foi vítima de tráfico de pessoas – quando são enganados e atraídos por um emprego diferente da realidade. Doze pessoas do Norte de Minas, que estavam alocadas na cidade de São Gotardo, haviam sido recrutadas com falsas promessas e tiveram as passagens descontadas pelo empregador.
Os auditores verificaram que os trabalhadores – sendo quatro deles menores de 18 anos – tinham que fazer as refeições sentados no chão, por não haver mesas e cadeiras para eles. Também não havia banheiros, e as pessoas exploradas realizavam suas necessidades fisiológicas no mato. Não havia sistema de reposição de água para consumo, mesmo sendo uma atividade que exige grande esforço físico.
Os trabalhadores tiveram que adquirir chuveiro para poderem tomar banho com água aquecida e o local tinha fiações expostas, o que pode levar a risco de choque elétrico.
Um bilhete pendurado no alojamento mostrava como a situação era análoga à escravidão: “A partir do dia 16.04 quem não trabalhar vai pagar a comida. A não ser em caso de doença. O valor do dia é R$ 35”.
Bilhete encontrado dentro do alojamento dos trabalhadores. Foto: AFT / Divulgação
Rescisão
As verbas rescisórias dos trabalhadores devem ser pagas até sexta-feira (30). Os 40 trabalhadores resgatados na primeira propriedade receberão um total de R$ 264.560 e os 19 da segunda propriedade R$ 111.175, totalizando R$ 375.735. Além destes valores, os empregadores recolheram cerca de R$ 41.300 às contas de FGTS dos trabalhadores resgatados, segundo a AFT.
Da Redação Na Rua News