De acordo com imigrantes que fizeram ate titulo de residência numa simples barbearia do centro de Lisboa dá pra comprar o documento falso.
Há passaportes portugueses à venda por 20 mil euros. O negócio da documentação ilegal rende milhares numa época em que muitos imigrantes fazem do país uma porta de entrada na Europa.
Nos últimos anos foi crescendo o número de asiáticos à procura de melhores condições de vida. Chegam de países como a Índia, o Bangladesh ou o Nepal. Para muitos, Portugal é o destino final, mas para outros, o país é apenas uma porta de entrada. Um acesso fácil, a outros países da União Europeia.
O titulo de residência é o documento fundamental para permanecer em Portugal. Uma autorização que permite a um imigrante levar uma vida normal, como por exemplo, trabalhar em situação regular, ter assistência médica, ou mesmo abrir uma conta bancária. Para obter o documento a lei portuguesa estabelece determinados requisitos, que nem todos conseguem cumprir. Mas quando falta a documentação necessária, a alternativa pode passar pelo recurso a esquemas paralelos, onde tudo se vende e tudo se compra.
Um imigrante de 40 anos que não quis se identificar por medo de retaliações. Conta, à como chegou a Portugal em 2021 depois de ter deixado a Índia há sete anos com um visto de turista válido por seis meses. Esteve na Itália durante três meses e depois seguiu para França, país onde gostaria de ter permanecido, mas onde nunca conseguiu legalizar-se.
Ele sabia que caso fosse apanhado ilegalmente em França seria deportado. Ainda em Paris conheceu um luso-descendente que o aconselhou a tentar a sorte em Portugal.
Diz que pagou os seis mil euros e que recebeu instruções de como deveria agir. À chegada, tinha de ir à esquadra da polícia para participar o roubo do passaporte. Era preciso fazer desaparecer o visto caducado que estava carimbado no documento. Ficaria no país como ilegal. Depois, com o relatório da polícia na mão, teria de se dirigir à Embaixada da Índia em Lisboa para pedir um novo passaporte e entregar a cópia do documento a outro intermediário.
O que deu acesso os 300€?
Garante que a troco de 300 euros recebeu números de contribuinte, cartão de utente, da Segurança Social e um contrato de trabalho. Todos documentos falsos.
Diz que desconhece a empresa com quem assinou o contrato, que nunca lá entrou, não sabe sequer onde fica. Sabe apenas que foi contratado como empregado de limpeza.
Contactado pela imprensa sobre as denúncias, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras responde que “qualquer entidade ou pessoa que tenha informações a respeito de alegadas práticas irregulares deve comunicar as mesmas às autoridades competentes para que procedam em conformidade”.
A situação poderá piorar a partir de outubro, data em que o SEF deixará de existir e passa a integrar um novo organismo: a Agência para as Minorias, Migrações e Asilo.
Da Redação Na Rua News