O clima do encontro entre o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), nesta quarta-feira (22), em Brasília, não deve ser dos melhores. O tom pôde ser percebido em coletiva de imprensa dada pelo senador mineiro um dia antes do encontro.
Em conversa com a imprensa, após encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio do Planalto, para tratar sobre um plano B para a dívida do Estado com a União, Pacheco disse que, até o momento, não havia tido “diálogo do governo de Minas Gerais com a União”, que é o principal credor. Até dezembro, o débito está previsto para chegar a R$ 161 bilhões.
“Nosso papel no Parlamento tem sido o de buscar a construção de um diálogo entre a União e o Estado de Minas Gerais, que é um diálogo que até aqui não aconteceu. Onze meses de governo (Lula), não havia um diálogo propriamente do governo do Estado com o seu maior credor, que é o governo federal, que é a União. Então, nós estamos promovendo esse diálogo para o pessoal todo mundo sentar à mesa para resolver esse problema”, disse.
Nas últimas semanas, Pacheco tomou o protagonismo para tratar sobre o débito fiscal de Minas. Em duas ocasiões, ele se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para tratar do tema, sem conhecimento de Zema. E, enquanto o governador estava em missão oficial na Ásia, o presidente do Senado também se reuniu com lideranças mineiras da Assembleia Legislativa de Minas, em Brasília.
E foi justamente da ALMG que vieram as principais críticas em relação à postura adotada por Zema frente à dívida do Estado. Até então, a única saída apresentada por Zema era a de que o plano de Regime de Recuperação Fiscal (RRF), que prevê o congelamento no reajuste de salário dos servidores e a privatização de empresas estatais, fosse aprovado no Legislativo mineiro.
A rejeição da proposta por parte dos deputados estaduais possibilitou que Pacheco tomasse frente do assunto, e costurasse uma proposta alternativa com o presidente da Assembleia, Tadeu Martins Leite (MDB), e outras lideranças, que apresentaram o texto formalmente para Lula, nesta terça-feira.
Após todo esse movimento, Zema passou por uma tentativa frustrada de encontrar o petista em meio a uma possível brecha na agenda do presidente da República no Palácio do Planalto. Quem o recebeu foi o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, que informou que o tema seria tratado com todos os atores do imbróglio. Agora, Zema volta para Brasília, mas com um convite oficial do presidente do Senado.
“O presidente Lula ouviu muito atentamente a nossa exposição, relativamente às alternativas que nós temos, e considerou todas as propostas sustentáveis e possíveis. Obviamente que não fechou questão porque isso depende da análise técnica dos setores próprios, inclusive do Ministério da Fazenda e do Tesouro Nacional. E depende também, obviamente, da concordância do governo de Estado, que é a parte legítima para poder tratar disso”, declarou Pacheco