O Ministério Público está a investigar um advogado de Torres Vedras que é suspeito de ter burlado os clientes em centenas de milhares de euros. Há quem o acuse de se ter apropriado do dinheiro e até quem, por causa disso, tenha ficado sem casa. A Investigação SIC mostra-lhe vários casos.
“Isto é a nossa zona da cozinha. Usámos o fogão do campismo, que graças a deus tínhamos. A canalização é para fora, para um balde. Aqui é onde dorme o meu pai nos dias em que a minha irmã vem da faculdade”, conta Tânia Padre, queixosa.
É a casa possível, improvisada na garagem da casa dos tios. Uma espécie de sala de jantar, uma casa de banho e dois quartos com paredes falsas para cinco pessoas.
“Passamos um bocado mal. Temos de dormir todos de portas abertas, senão ficamos sem ar”.
Vivem aqui desde abril, depois de os pais terem perdido a casa num processo de insolvência. Tânia quis comprar a casa dos pais, mas diz que acabou por ser burlada pelo advogado que contratou.
“Falámos com ele. Perguntámos o que é que era necessário. Ele mostrou-se completamente disponível para ajudar e pediu-nos logo um sinal de 10%. Mandou-me o NIB por mensagem”, refere.
10% foram 17 mil euros.
Foi a primeira de muitas transferências, sempre feitas para a sociedade de advogados. No total, a família transferiu 34 mil euros.
A família só desconfiou quando recebeu uma carta da administradora de insolvência a dizer que ia fazer a escritura da casa e, por isso, tinham de sair. O dinheiro nunca chegou à massa insolvente. A casa da família acabou mesmo por ser vendida. Foi aí que perceberam que podiam estar a ser enganados. Dizem que o advogado nunca lhes devolveu o dinheiro.
Cansada de esperar, Tânia decidiu expor o caso nas redes sociais. Choveu uma “quantidade absurda de comentários” de pessoas a dizer que também foram enganadas por esse advogado.
O advogado em causa é Paulo Nobre Saraiva, advogado desde o ano 2000. Tem escritório no centro de Torres Vedras, onde, há poucas semanas, foi surpreendido com cartazes afixados à porta a chamarem-lhe vigarista.
SIC falou com o advogado em causa
Paulo Nobre Saraiva aceitou falar com a SIC, mas com uma condição: sem mostrar a cara na entrevista.
“Entendo que a minha imagem foi usada indevidamente, sem a minha autorização nas redes sociais”, justifica.
Paulo Nobre Saraiva refugia-se na condição de advogado para não falar de casos concretos, mas nega todas as acusações. A SIC quis saber onde estão os 34 mil euros que a família de Tânia pagou para sinalizar o negócio da compra da casa.
“De repente, aquele valor que seria para sinalizar que puff… desapareceu. E se desapareceu, teve de ficar com alguém, e se teve de falar com alguém teve de ser com o advogado. Não foi assim que aconteceu”, afirma.
Paulo Nobre Saraiva queixa-se do impacto que teve a exposição do caso nas redes sociais e os cartazes que lhe afixaram à porta.
O Ministério Público está a investigar um advogado de Torres Vedras que é suspeito de ter burlado os clientes em centenas de milhares de euros. Há quem o acuse de se ter apropriado do dinheiro e até quem, por causa disso, tenha ficado sem casa. A Investigação SIC mostra-lhe vários casos.
“Isto é a nossa zona da cozinha. Usámos o fogão do campismo, que graças a deus tínhamos. A canalização é para fora, para um balde. Aqui é onde dorme o meu pai nos dias em que a minha irmã vem da faculdade”, conta Tânia Padre, queixosa.
É a casa possível, improvisada na garagem da casa dos tios. Uma espécie de sala de jantar, uma casa de banho e dois quartos com paredes falsas para cinco pessoas.
“Passamos um bocado mal. Temos de dormir todos de portas abertas, senão ficamos sem ar”.
Vivem aqui desde abril, depois de os pais terem perdido a casa num processo de insolvência. Tânia quis comprar a casa dos pais, mas diz que acabou por ser burlada pelo advogado que contratou.
“Falámos com ele. Perguntámos o que é que era necessário. Ele mostrou-se completamente disponível para ajudar e pediu-nos logo um sinal de 10%. Mandou-me o NIB por mensagem”, refere.
10% foram 17 mil euros.
Foi a primeira de muitas transferências, sempre feitas para a sociedade de advogados. No total, a família transferiu 34 mil euros.
A família só desconfiou quando recebeu uma carta da administradora de insolvência a dizer que ia fazer a escritura da casa e, por isso, tinham de sair. O dinheiro nunca chegou à massa insolvente. A casa da família acabou mesmo por ser vendida. Foi aí que perceberam que podiam estar a ser enganados. Dizem que o advogado nunca lhes devolveu o dinheiro.
O advogado em causa é Paulo Nobre Saraiva, advogado desde o ano 2000. Tem escritório no centro de Torres Vedras, onde, há poucas semanas, foi surpreendido com cartazes afixados à porta a chamarem-lhe vigarista.
SIC falou com o advogado em causa
Paulo Nobre Saraiva aceitou falar com a SIC, mas com uma condição: sem mostrar a cara na entrevista.
“Entendo que a minha imagem foi usada indevidamente, sem a minha autorização nas redes sociais”, justifica.
Paulo Nobre Saraiva refugia-se na condição de advogado para não falar de casos concretos, mas nega todas as acusações. A SIC quis saber onde estão os 34 mil euros que a família de Tânia pagou para sinalizar o negócio da compra da casa.
“De repente, aquele valor que seria para sinalizar que puff… desapareceu. E se desapareceu, teve de ficar com alguém, e se teve de falar com alguém teve de ser com o advogado. Não foi assim que aconteceu”, afirma.
Paulo Nobre Saraiva queixa-se do impacto que teve a exposição do caso nas redes sociais e os cartazes que lhe afixaram à porta.
“Tudo mentira”
Cristina e Carlos Sousa, emigrantes no Luxemburgo, contrataram o advogado para pôr em tribunal o alegado autor de uma burla, uma pessoa que contraiu um crédito de 13 mil euros em nome de Carlos.
De Torres Vedras chegaram boas notícias. O burlão teria sido condenado e Carlos não precisaria de pagar o tal crédito. Até que, pelo correio, chegou uma desagradável surpresa. Mas ao fim de 10 anos aparece um grande processo: a casa “ia para a penhora”.
Carlos contactou-o. O advogado diz que vai negociar.
“Entretanto, começa a pedir-nos dinheiro. Logo aí, foram 800 de uma vez, 2.000 e tal de outra 1.000 de outra. Foi sempre assim a descambar”, refere.
O casal conta que o advogado lhes fez crer que o burlão tinha sido condenado e que, por isso, eles teriam direito a um imóvel. Só era preciso pagar os impostos.
“Pede-nos para pagar IMT, imposto de selo, um x para o agente de execução e foi quando nós pagamos 14. 300 euros de uma vez e mais 12 mil e tal de outra.
Estão emigrados no Luxemburgo, mas vieram a Portugal várias vezes para assinar a suposta escritura. Mas isso nunca aconteceu.
“Tudo mentira, tudo mentira, tudo mentira. A casa não existe, escritura muito menos. (…) Fomos três vezes a Portugal para fazer a escritura de uma casa que não existia”.
A dívida do tal crédito que os levou ao advogado, que era de 13 mil, já ia em 60 mil. Revogaram as procurações e entregaram o caso a outra advogada e aí tiveram uma surpresa ainda maior: estavam a ser burlados, não havia processos em nome deles.
Paulo Nobre Saraiva mostra-se espantado.
Uma família contactou a sociedade de advogados para tentar reaver 24 mil euros de contribuições pagas a mais à Segurança Social. E tinham razão. A Segurança Social foi obrigada a devolver o dinheiro.
Ao fim de 1 ano, acharam estranho a transferência não ter sido feita. Após questionarem a Segurança Social perceberam que já tinha sido feita “há algum tempo”.
“Deram-nos o documento com o comprovativo da transferência, qual o NIB, e para onde é que tinha ido esse dinheiro. Depois fomos verificar e esse NIB não era dos meus familiares”, conta.
A família estranhou que a Segurança Social tivesse devolvido os 24 mil euros para outra conta e foi tentar saber de quem era o NIB que estava no formulário.
“Eu fui ao multibanco, fui como se fosse fazer uma transferência de 1 cêntimo, pus o NIB que estava no papel que nos foi entregue pela Segurança Social. E dizia lá o nome para onde foi o dinheiro reembolsado: sociedade de advogados Nobre Saraiva”.
O caso assume outras proporções porque Paulo Nobre Saraiva foi contratado por esta família depois de ter sido burlada por uma outra advogada, contratada para tratar de uma indemnização por despedimento.
Paulo Nobre Saraiva foi contratado para tratar dos 2 processos. Cobrou honorários e milhares de euros de caução.
Sem dinheiro, a família deixou de pagar o crédito habitação e isso teve consequências. Atualmente, estão a viver num contentor com condições mínimas.
Uma situação muito parecida com a da família de Tânia, que hoje vive numa garagem, paredes meias com a casa que perdeu e que vê em obras.
Os 34 mil euros que Tânia entregou para sinalizar o negócio que acabou por não acontecer dariam uma grande ajuda.
A Ordem dos Advogados recusa dar informações sobre eventuais processos disciplinares contra Paulo Saraiva, nem sequer os que possam já ter tido uma decisão. Alega que “permitir o acesso” a um processo disciplinar “poderia levar àquilo a que chama de difusão vexatória de comportamento”, contribuir para uma imagem negativa dos advogados.
Já o Ministério Público confirma que há pelo menos um inquérito a correr no Ministério Público de Vila Franca de Xira.
Paulo Nobre Saraiva contesta todas as acusações. Reafirma que está inocente e incentiva os antigos clientes a seguirem para tribunal.
Para esta reportagem, a SIC contactou mais de 1 dezena de antigos clientes que se dizem vítimas do advogado. A maior parte não quis falar com medo de represálias.
Da Redação Na Rua News / Com Sic Notícias